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Trajetória - Primeira Parte

Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nome, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência. Quatro meses separavam Helena do dia em que ocorreu o rompimento de seu noivado. Um relacionamento que se estendeu por 4 anos e terminou no final de uma missa das dezenove horas num domingo de horário de verão. Talvez as escadarias da praça da matriz ainda se lembrem das palavras apressadas e passos rápidos de quem não queria ouvir o que o outro tinha a dizer. Ela parecia não compreender nada daquilo, somente caminhava a passos velozes, como se quisesse deixar aquele assunto para depois. Após muitas palavras, olha para ele e diz: _ Você "tá" dizendo que quer terminar comigo? _ Sim Helena. Quero terminar com você. Lágrimas. As lagrimas invadiram o cenário de fim de tarde. Ela tirou rapidamente a aliança de ouro e estendeu a mão entregando a ele. Com um passo atrás ele rejeitou a oferta insistente. Porém o pranto doloroso só tive seu fim quan
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Sete e Meia

"Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência." Em algum lugar entre o verde e o azul, estava Maria. Colhia o ouro que depois de lavado, secado, torrado e moído enriquecia seu senhor. Carregava no ventre o fruto de um amor proibido, semente ainda oculta pelas camadas de pele e algodão.  Tinha um sonho chamado liberdade, que ia além do azul e do verde. Num lugar desconhecido, talvez depois daquela serra, onde a vista do feitor não alcançaria. Pobre Maria, se soubesse que o futuro finda depois das sete e meia na chibata do carrasco, talvez tivesse criado asas e cortado o azul dos céus alcançando o esconderijo na serra. Dançaria de mãos dadas a outras mulheres, cantaria as canções da terra que não conheceu... Seria feliz antes de descer à cova rasa da escuridão. Amaria o filho mestiço, e lhe contaria os segredos que só as mães de cor sabem. Não esconderia a identidade nobre do pai, ma

Dia de Chuva

Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, situações da vida real terá sido mera coincidência.  Olha na janela entreaberta que insistente sacudir sua lataria a força impetuosa do vento que sopra constante do lado oposto ao seu. A chuva cai, cobrindo todo cenário com garoa finíssima, tornando brancas as mais altas colinas, lavando as roupas já enxutas no varal, encharcando os tênis rebeldes de caminheiros das enxurradas. Água que sacia a terra, resposta às orações do agricultor a espera do germinar da semente. Ela desfaz a esperança dos mais humildes amantes. Daqueles que fazem o trajeto a caminhar de suas casas até a praça central, agora iluminada por luzes multicoloridas em concordância com as festividades de encerramento do ano. Não praguejava a bênção necessária dos céus, mas se não fosse sua presença  lá estaria, ocupando um dos bancos de concreto espalhados pelo jardim florido. Seus olhos travessos inquietos não suportariam respeitar os limites do

Retrato de Infância

"Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações a vida real terá sido mera coincidência." Éramos pequenos quando papai decidiu que não viveria ao lado de alguém que não amava. Na manhã de sexta-feira, depois de esvaziar parte das gavetas e macetar as roupas numa mochila velha, despedimos dele sem entender bem o que estava acontecendo. Permanecemos na calçada até o momento em que o vimos dobrar e esquina, ele não olhou para trás. Às vezes eu acompanhava mamãe até o orelhão do bairro, antes ela passava na mercearia e pedia um maço de cigarros e três fichas. As palavras ao telefone eram sempre duras e cheias de rancor e ao final de tudo, ela tocava meu ombro e forçava um sorriso de “está tudo bem”. Mamãe levantava bem cedinho, ajeitava o embornal nos ombros e apressava-se para não perder a condução. Ela trabalhava nas lavouras de café. Passávamos a maior parte do dia brincando de fazer bolinhos de terra na rua sem calçamento. Quando

Desabafo de uma Mulher Cansada

"Essa seria uma obra de ficção se: eu não estivesse ao ponto de olhar-me no espelho e admitir que tudo isso é verdade. Entretanto, para que não percamos o costume vale lembrar que qualquer semelhança com nomes, factos, pessoas ou situações da vida real, NÃO TERÁ SIDO MERA COINCIDÊNCIA." Ela sonhou tantos sonhos quanto pode. E no final das contas não foi capaz de vivencia-los tal como desejava. Não que ela os deixou guardado num canto escuro do armário, mas sim por que suas forças não foram suficientes para suportar as muitas escolhas que tinham de serem feitas ao longo dos dias. E no fim de tudo, ela sempre voltava ao início: não chegava em lugar nenhum.  Primeiro ela quis desbravar os mais profundos conhecimentos a respeito de Deus e dos homens. Anelou possuir a sabedoria rejeitada por muitos e envolveu-se numa busca profunda por significados e significantes. Depois ela quis conhecer uma nova língua. Ansiou dominar a linguagem mundial ao ponto de estar apita para

A Irmandade

AVISO IMPORTANTE:  Esta é uma OBRA DE FICÇÃO, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera COINCIDÊNCIA.  Com a proximidade da Tradicional Festa das Congadas, a Irmandade tornava seus encontros mais regulares a fim organizar a parte que lhes cabia e reafirmar suas aspirações quanto ao resgate da cultura, que incluía a Novena em louvor a Nossa Senhora do Rosário, leilão de prendas na barraca da igreja, levantamento dos Mastros e as apresentações dos grupos de congadas da cidade e região. Entretanto, para os habitantes da pacata cidade interiorana mineira, tudo aquilo era anacrônico, e não passava de coisa de gente velha que não gostava de festa, música e bebida prevalecendo o hábito de dormir sempre cedo. Durante anos, apesar de todos os esforços da Irmandade em convencer a prefeitura municipal quanto ao regresso dos costumes que aludiam meados do século XIX, fazendo com que a festa fosse exclusivamente religiosa e folclórica,

Carta para o Ex.

Essa é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência. 20 de Outubro de Dois mil e qualquer coisa em Algum lugar do mundo.  Saudações.  Quando receberes esta carta estarei bem longe, não interprete a distância com morte ou mudança de cidade, mas sim como indiferença. Mas a escrevo na expectativa que um dia, quando se sentir triste e desanimado, olhar do lado e perceber que a pessoa com quem está não te valoriza de forma alguma, te dá mais dor de cabeça do que alegria, se arrependa de ter desprezado o que sentia por você.  Nesse dia já estarei envolvida em um novo romance, e por certo não o trocarei por uma nova aventura nem tão pouco me rebaixaria ao ponto de tornar-me sua segunda opção. O seu nome já não me causará desconforto, e poderei falar sem receo, que um dia tivemos algo, mas que não deu certo. Talvez por que havia outra em seu pensamento ou até mesmo você não estava preparado para assumir