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Cartas para Romeu

"Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança como nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real será mera coincidência,"


Dedico esta história aos companheiros que diariamente se reúnem  para um animado banho de sol. Adr. Bru. Day. Jes. Jaq. Jos. Car. 


Portando um sorriso faceiro, saiu Romeu da tenda que havia lhe tomado o ultimo trocado destinado ao maço de cigarro do dia. Não era de acreditar em ciganas, mas aquela disse-lhe algo que desejava ouvir e isso o agradou.

Desde que se separou, há alguns meses atrás, não havia estado com mulher alguma. Não se considerava um homem feio, mas até então, parecia que o amor tinha-lhe fechado as portas e a carência começava a incomodar, causando até mesmo uma certa dificuldade para dormir, que só era remediada quando satisfazia seus desejos fazendo uso das antigas revistas Playboy anos 90, que tinha guardado no forro para o caso de uma emergência como aquela. Com seus cinquenta e poucos anos apreciava uma vestimenta jovem, deixando exposto seus músculos e procurava sempre ocultar os fios brancos com uma tinta de boa qualidade que fazia questão de pedir o retoque sempre que aparava o cabelo.
Naquela manhã, a caminho do trabalho foi abordado por uma cigana que dizia ter algo importante a lhe revelar, mistérios do coração. Essas palavras soaram como harpas angelicais ao seus ouvidos e não tardou adentrar a barraca improvisada e oferecer a mão para a leitura. 

_ Eis que vejo uma mulher em sua vida. De pele nem muito clara nem muito escura... muito bonita. E ela se revelará a você, mas fique alerta! 

Trabalhou naquele dia satisfeito, com o pensamento fixo nas palavras da cigana, imaginando qual seria o sinal. No final do dia juntou suas ferramentas e ao sair foi surpreendido por um colega que lhe entregou um pedaço de papel dizendo:

_ Pediram para te entregar. 
_ Quem? 
_ Não sei, só pediram. 

Apressou em desdobrar o papel e ler o conteúdo enquanto seu companheiro se misturava entre a multidão que partia para casa depois de um exaustivo dia.
Surpreendeu-se ao ver as pequenas letras femininas arredondadas que com delicadeza diziam: " Você está muito charmoso com essa camisa."
A principio pensou ser uma brincadeira de mal gosto, visto que estava uniformizado tal como todos os outros companheiros, mas então se lembrou da cigana, e do sinal. E sorriu para si mesmo guardando no bolso da camisa o recadinho anônimo. 
Fez uma caminhada demorada para casa, imaginando quem poderia ser a dona do bilhete. Lembrou-se então da jovem recepcionista que tinha encontrado por acaso numa festa. Ela estava com uma saia preta, exibindo um belo par de pernas as quais faria tudo para estar entre elas. 
Pensou também na moça da faxina, mas logo lembrou-se que era casada. Isso não era problema para ele, era um homem discreto e cheio de amor para dar. 
Naquela noite não foi preciso ajuda da revista para ter o alivio rotineiro. Pensou na moça da recepção e também na da faxina. Quem sabe não seriam as duas? Imaginou-se então na cama com ambas. Tal como um sultão com suas duas mulheres. 

Na manhã seguinte, como de costume foi ao seu armário guardar a carteira quando viu um pequeno papel dobrado que fora deixado ali. Deu um sorriso cafajeste e apressadamente pegou o papel trancando o armário, adentrou a parte  privativa do sanitário e abriu o bilhete para ler seu conteúdo.


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