“Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."
Dedicatória: Embora este seja um texto especial, afim de retratar parcialmente a vida amarosa de uma colega "M.C.", peço-lhe licença e pego carona no mesmo dedicando também a um grande e precioso amigo e de longa data, a você "A.V.".
Grandes mudanças aconteceram na vida de Marcela nos dias que sucederam o primeiro encontro. Tomás passou a fazer parte de sua rotina, não somente ocupando mais uma cadeira na mesa de café da manhã da empresa, mas também ultrapassando os limites profissionais, invadindo seus pensamentos e marcando presença através de mensagens, ligações, visitas e convites.
Letícia se sentia feliz com a mudança de humor da amiga, e a incentivava a ir adiante no romance que parecia promissor.
_ Tomás é um bom rapaz, devia dar uma chave de coxa nele e segurar...
_ Capaz Lê! Fazem duas semanas que estamos saindo juntos. Nem é sério!
_ Não por enquanto... mas ele é gatinho.
Respondeu Letícia finalizando com uma gargalhada.
Marcela permaneceu em silêncio. Não por que inexistia beleza em Tomás, mas sim por que cada dia mais ele ocupava parte dos seus pensamentos, tal como naquele instante. Nas ultimas duas semanas ele estava marcando presença em sua vida, fazendo seu coração palpitar com uma simples mensagem de "bom dia", "boa noite" ou "a gente se fala mais tarde". Ela esperava por noticias dele e quando se deparava com elas, sentia-se tremendamente feliz.
Na noite anterior haviam combinado de se encontrarem para tomar um sorvete e conversar. A principio Marcela pensou em recusar, visto que ainda era terça-feira. E quarta, bem no meio da semana, tendo que trabalhar no dia seguinte... Aquela não parecia uma boa ideia. Porém não foi preciso muita insistência para convence-la, afinal ela não queria que ele mudasse de ideia.
As sete em ponto ouvia o ruido dos motores frente a sua casa, não foi preciso aguardar pelo som da campainha. Marcela correu apressada abrindo os portões e saudado-lhe com um grande e afetuoso abraço seguido por um beijo. Ele acariciou seu rosto tocando de leve seus cabelos e olhando fixamente no fundo daquele lindo par de olhos verdes capazes de hipnotizar quem quer que fosse. Ela correspondeu o olhar e as caricias ofertando-lhe um sorriso sincero que o impulsionou mais uma vez encontrar-se com seus lábios e tirar-lhe o batom.
Conforme haviam combinado, foram até a praça central onde havia uma sorveteria de excelente qualidade. Caminharam em seguida para a praça, e lá permaneceram até pouco antes das nove da noite, conversando sobre suas vidas e trocando confidencias. Tomás a conduzia a descobrir coisas novas. Embora possui-se um vasto conhecimento sobre astronomia, física e politica, conseguia conversar sobre qualquer coisa. Realmente ele era uma rapaz de muitos predicados e de uma maturidade surpreendente, incompatível com a idade que possuía.
Abraçados ali no banco da praça tendo apenas um vigia por testemunha ela encostou em seu peito enquanto ele acariciava seus cabelos e lhe rendia elogios que a faziam corar.
_ Marcela, sei que ainda é cedo...
Disse-lhe Tomás, fazendo uma breve pausa.
_ ... mas não posso deixar de dizer o quanto eu tenho sentido sua falta esses dias. Você é uma pessoa muito especial pra mim.
_ Você também!
Respondeu-lhe Marcela ocultando um sorriso tímido.
_ Gostaria muito que, esse "lance" que existe entre nós tivesse um progresso, sabe? Queria ter você mais próxima de mim, da minha vida, e dos meus planos...
Marcela permaneceu em silencio, com medo das palavras que Tomás poderia dizer em seguida; Ele continuou:
_ Eu queria realmente ter algo sério com você, não sei se ainda é cedo pra você, te dou todo o tempo que precisar caso precise pensar.
O coração de Marcela acelerava em cada uma daquelas palavras, e um sentimento de pavor tomou conta da segurança que a envolvia minutos atrás. Lembrou-se então do ex namorado, dos planos, dos projetos, dos sonhos. Embora tivesse virado a página, assumir outro relacionamento a fazia temer uma possível decepção, e não estava disposta a sofrer novamente. Não em um curto período de tempo.
_ Prometo pensar com carinho.
Respondeu forçando um sorriso.
Tomás não disse nada, somente movimentou o corpo e inclinou-se para beija-la. Um beijo vagaroso, longo e envolvente.
Tendo dado conta das horas que haviam passado implacavelmente, Tomás a levou de volta para casa. Antes de partir, relembrou-a do que tinha lhe dito na praça, e acrescentou estar esperando uma resposta. Letícia não disse nada, apenas assentiu com a cabeça despendido-se com um beijo.
Apesar do cansaço, o sono parecia tê-la abandonado e um questionamento perturbador invadiu sua mente. Tomás era realmente um rapaz incrível e cada momento vivido junto dele era maravilhoso, mas não queria ser decepcionada, não queria que aquele sentimento gostoso que tinha por ele se transformasse e eles acabassem por se afastar um do outro. Queria viver uma aventura descomprometida com o coração e aberta para a felicidade que sabia que teria ao seu lado. Depois de muito pensar, e ensaiar mentalmente as palavras que usaria para dizer a Tomás que não queria um relacionamento sério, não naquele momento, adormeceu.
Sonhou com Tomás, com Letícia, com sua família... Todos sonhos bons, daqueles que a gente esquece quase que completamente ao acordar. Mas pouco antes de ouvir o despertador a acusar do horário, sonhou estar beijando um homem. Sentia a língua dele passear em sua boca e o aberto forte das mãos masculinas em suas nádegas. Era um momento de intimidade entre os dois. Ele abria os botões de sua blusa afim de tocar seus seios, e acariciava os mamilos. Ela se sentia úmida, enquanto lutava contra o cinto e o zíper que guardava o sexo. Sentia-o rijo por sobre o jeans, e acariciava-o fazendo-lhe soltar pequenos gemidos de prazer até que envolvido ele sussurra seu nome: "Marcela..."
E ela fica estática.
Aquela voz...
Aquela não era a voz de seu ex namorado, nem a voz de Tomás...
Aquele homem, era Fábio!
Novamente ele adentrara seus sonhos e perturbara seus pensamentos. Uma nuvem de confusão pousou sobre ela, enquanto permanecia ainda na cama ignorando o alarme que tocava insistentemente. Alguns minutos depois, levantou-se e deu seguimento a sua rotina.
"Melhor esquecer tudo isso..." pensou consigo enquanto apanhava as chaves do carro saindo para o trabalho.
Continuará...
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