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Lembranças

"Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."


Dedico esse pequeno conto a um novo amigo, que tive o prazer de conhecer a alguns meses e que sempre nos trás alegria com suas visitas e bom humor. A você P. com muito carinho. 




As tardes de domingo eram sempre as mais difíceis para ele. Sentia o imenso desejo de demolir tudo oque havia construído dentro de si e edificar-se novamente. Um desejo perpétuo da alma que desvendara as delicias do amor num passado recente, cujas circunstâncias o fizeram trilhar caminhos distintos. 

A sua lembrança estava presente nos pequenos momentos da vida. Era como se, embora tivesse ido, existisse uma parte dela dentro do seu coração. Quando fechava os olhos, ainda que por um breve instante, lembrava-se de cada detalhe do seu rosto. Até mesmo as imperfeições lhe eram presentes, tal como se estivesse a contemplar sua imagem frente a frente. Oque restara do tempo em que passaram juntos eram apenas fotos,  guardadas no fundo da ultima gaveta do criado mudo. Registros que denunciavam os bons momentos vividos. Talvez, se houvesse a conhecido em outros tempos, tudo tivesse sido diferente. Não existiam erros naquela história, o próprio tempo encarregou-se de falhar ao não prever o momento oportuno para um encontro duradouro. 

Ao cair da noite, tendo por companhia a solidão alegrava-se com satisfação de degustar um bom vinho, tendo o silencio por companhia, quem sabe interrompido pelo barulho da TV, uma companheira irracional desprovida de qualquer emoção. Após três taças, ia para cama e travava uma reflexão sobre oque lhe aguardava o dia seguinte: Novas pessoas, novas circunstancias, novas experiencias... Mas no fundo sabia, que nenhuma delas poderia substituir ou superar a de ter feito parte da vida dela. 

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