A pedidos de um amigo, trago aqui uma história real, repleta de fé e devoção. Dedicado a todos aqueles que creem que os impossíveis para nós, são possíveis para Deus. Ao meu amigo B. Felipe
Aquele era o sétimo e derradeiro ano. Não o ultimo de sua vida, pois a gratidão era algo impagável. O que eram sete anos diante da graça recebida?
Antônio caminhava fatigante na subida da ribanceira em fila indiana, apoiando no bastão que havia apanhado um dia antes. Já estava a mais da metade do caminho e o corpo acusava com dores musculares o grande esforço e as horas de sono mal dormidas provenientes da estadia em lugares diversos a cada anoitecer.
Na verdade, sua caminhada se dava em boa parte da noite, afinal o sol da tarde era agonizante aos caminheiros devotos que suspiravam por alento e descanso na parada que só se encontraria se cumprissem com a meta imposta dos quilômetros diários a serem ultrapassados.
Há alguns anos atrás fora diagnosticado com um doença degenerativa que consumiria sua visão caso não conseguisse uma intervenção cirúrgica rapidamente, que por sua vez, era algo difícil de se obter visto que a fila do SUS era imensa. Somente um milagre poderia mudar aquela situação, e a cada dia era perceptível a acentuada perda que sofria. Apelou pois para a religião, havia uma certa confiança de que o alento que buscava só seria alcançado por mediação celeste. E assim foi feito, apegou-se a santa de sua devoção que julgava ser infalível, devida as inúmeros testificações de milagres que acompanhavam seu nome. Numa reza sincera fez a promessa, de que se conseguisse a esperada cirurgia a tempo de não perder por completo sua visão, faria a caminhada a pé até o santuário, por sete anos consecutivos.
Assim se fez e pela fé viu suas preces atendidas, não tardando desenrolar os meios pelos quais se deu a tal esperada cirurgia.
Ao lembrar de todos os episódios passados seu coração se alegrava de gratidão pelo grande feito, e mais ainda agora que estava próximo de quitar sua dívida com a santa. Porém, o diabo tratou logo de intrometer-se, e colocou no seu caminho uma serpente. Não qualquer serpente, mas uma especialmente preparada para ele, pois na fila indiana ela não se apresentou aos que passaram anteriormente. Sentiu quando pisou em algo até desconhecido sentindo no calcanhar a umidade contida na pele da víbora. Olhou para baixo e assistiu quando ela se enrolou para dar-lhe um golpe certeiro.
Entendeu então os mistérios contidos nos planos divinos e pediu mais uma vez a intervenção celestial, que de imediato veio ao seu encontro, visto que havia recebido grande livramento por pisar na víbora sem sofrer dano imediato. Clamou mais uma vez pela virgem e ela veio em seu socorro, enviando logo quem matasse o animal.
A caminhada continuou. Agradecido por tudo oque tinha vivido até ali, sentindo-se jubilante ao contemplar a torre do santuário pela sétima vez.
_ Está consumado!
Exclamou ao ajoelhar-se nas escadarias da porta principal. Uma lagrima de gratidão escapou no canto do olho, coisa de quem compreende que não há promessa que pague o favor imerecido.


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