Quem nunca teve um coração partido? Dedico este conto a todos os anônimos conhecidos que um dia já sofreram por um sentimento que pensavam se chamar amor.
Sentiu-se despedaçada na volta para casa, como se uma faca tivesse transpassado seu peito e arrancado fora seu coração que não mais pulsava. Era dominada por uma vertigem fadigante, que insistia em fazer-lhe tombar ao chão. Apoiava-se nos postes e muros lá pelas tantas da madrugada tendo como companhia as estrelas e a iluminação publica, precária em alguns pontos. Não haviam lágrimas. Lá no fundo de sua alma, já sabia que aquele momento um dia chegaria, e a arrebataria tirando-lhe a sanidade.
Acreditava, até então ter pleno domínio de seus sentimentos, e a capacidade de lidar com as diferenças entre o amor e o prazer. Envolverá-se e entregará seu coração a alguém que não lhe ofereceu mais que seu corpo e sua cama.
Seguiu-se assim por mais de um ano, até o instante em que viu-se menor que a bebida e tão importante quanto uma qualquer. Não passava de um pedaço de carne a seu livre desfrute.
Não deseja ser seu banquete, mas sim a possuidora da sua afeição. Porém essa já pertencia a alguém, cujo nome lhe fora revelado num momento de êxtase, em que clamou por ela. Desculpas não revertiam o ocorrido, e seu planto não apagava o passado. Aquela foi a pior noite de sua vida.
Existem manchas, que nem o banho mais demorado e o sabão mais caro são capazes de apagar. Por precaução bloqueou e apagou seu contato da agenda. Bloqueou-o também das redes sociais, cortou os laços.
Somente o tempo a reanimaria. Somente o tempo faria seu coração perdoar a si mesma, de um dia acreditar ser forte o bastante para lidar com o sentimento.

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